Entretanto, o nome estava escolhido: Variações. Primeiro, para a banda de suporte (António e Variações), depois colado a si, como um alter-ego: António Variações.
A história dos discos é a que sabemos: um primeiro registo (em 45 rotações, versões single e maxi-single, 1982), com alguma dose de polémica, ao conter uma versão pop de "Povo que lavas no rio", homenagem sentida de Variações à sua musa de sempre: Amália Rodrigues. Sacrilégio para alguns puristas do fado, deliciosa inovação para a maioria que projecta, nas rádios e nos 'tops', a outra canção do disco: "Estou além". Curiosa a ideia de não haver lado B, mas sim tratar-se de um duplo lado A.
Segue-se a colaboração com músicos dos GNR para o primeiro álbum, "Anjo da Guarda" (1983), que ainda contará com elementos dos Salada de Frutas na recta final, após desentendimentos na banda do Porto. Zé (Moz) Carrapa, guitarrista desta banda, surgirá mesmo como produtor do disco...
Deste LP sairá o segundo single de Variações, "É p'ra amanhã" (com "Quando fala um português" no lado B) e, em várias discografias na Web surje um maxi-single. Não tenho a certeza da sua edição, conhecendo apenas o 'promo', para as rádios, que está presente no museu e se pode ver ao lado (cujo lado B é diferente: "O corpo é que paga"). Por fim, "Dar e receber" (1984), coadjuvado pelos Heróis do Mar.
António Variações não terá oportunidade de saborear em pleno o sucesso deste disco, pois morre em Junho desse ano. Ainda ouve a passagem dos temas mais rodados nas rádios: "Dar e receber" ou o "O corpo é que paga".
Curiosamente, tanto na edição de Julho como na de Agosto (que traz um 'poster' do cantor) da revista "Música & Som", nem uma única linha sobre a sua morte...
Em 1987 são lançadas as primeiras versões de músicas suas, primeiro pelos Delfins, com "Canção do Engate" (álbum “Libertação”) e depois pela grande amiga do músico, Lena d’Água, com “Estou Alem” (álbum “Aguaceiro”). Lena d’Água fará ainda uma sentida homenagem a Variações, em 1990, editando o LP “Tu aqui”. Cinco temas são inéditos do artista, o que dá nome ao disco e: “A teia”, “Adeus”, “Já não sou quem era” e “A culpa é da vontade”. Ora, estes últimos quatro serão re-gravados pelos Humanos, em 2004 , tendo passado (e ainda se repete pela Web e pela comunicação social) a ideia de que nunca antes teriam sido editados... Pelo meio ficou um disco de tributo, “Variações – As canções de António”, (com Mão Morta, Sérgio Godinho, Sitiados, etc.), editado em 1994.
Importante é que o fenómeno meteórico mas extraordinário que foi António ainda hoje seja recordado e amado. Porque todos temos António na voz. Um pouco por todo o lado surgem versões das músicas do barbeiro fã de Amália e que sonhou ser uma estrela pop. Sonhou, foi e é.