Os Trovante – inicialmente designado como "Grupo Trovante" – são um dos projectos fora do espectro do pop-rock que benefeciará de uma abertura ao som nacional trazida pelo boom, como atesta o sucesso do álbum "Baile no Bosque" (1981). A banda já tinha discos editados, dois singles e dois álbuns, mas é com este último que, além de uma maior projecção, marca um rumo musical que atravessa os anos 1980 como uma das referências da música portuguesa de então. Ainda hoje, com vários regressos ao vivo, fazem prova dessa notoriedade.
O som dos Trovante desde 1981 é pautado por uma fusão com as raízes tradicionais, jazz e com piscadelas de olho aos sons mais rockeiros. Podemos falar que de "Chão Nosso" (1977) a "Um destes dias" (1990), primeiro e último álbuns, respectivamente, deu-se uma sofisticação no trabalho da banda, migrando de um som mais popular/tradicional à referida fusão. Poderemos falar de uma maior maturidade musical – que existe –, enquanto a matriz mais política inicial dá lugar a temas de amor e quotidiano. No entanto, essa preocupação política ainda encontra eco em temas como "Timor"*, incluído no derradeiro álbum.
* tema com letra de João Monge que se tornou um hino na campanha contra a ocupação indonésia de Timor, letra essa que surge porque o Papa João Paulo II não beijou o solo timorense aquando da visita que fez. Este gesto era efectuado sempre que o papa visitava um novo país e a ausência do mesmo, segundo Monge, teria significado o reconhecimento da ocupação indonésia, motivando os versos "Nobre soldado nunca sonhaste / Ver uma espada na mão de Deus".
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Tem dez discos presentes no museu.