© António Luís Cardoso, 2009 (revisto em 2023)
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
O Boom: Breve História em dez passos

8. Música a rodos 

Quando o rock nacional 'explodiu' com o “Chico Fininho”, estávamos claramente no mundo dos pequenos discos de 45 rotações e foi assim que o "pai do rock português" atingiu o top (o álbum de onde se extrai o single será ultrapassado, em sucesso, pelos Táxi, com o seu primeiro álbum de título homónimo).

Tal como se disse atrás, os singles eram editados a um ritmo alucinante e muitos nomes inundavam as rádios: Iodo, NZZN, Manifesto, Opinião Pública, Pizo Lizo, Trabalhadores do Comércio, BVB, Grupo de Baile, Meninos do Coro, Albatroz, FM, Speeds, Xutos & Pontapés, Rock&Varius, Filhos do Presidente, Xeque-Mate, Semáforo, Sui Generis, TNT, Alarme, etc., etc.

Bandas houve que já tinham alguns anos e tentavam “colar-se” ao fenómeno, ou simplesmente resistir (Beatnicks e os Arte & Ofício, por exemplo), outras nasciam “espontaneamente” e até os grupos de baile se reformulavam para se tornarem rockeiros (lembrem-se os CTT, sigla do Conjunto Típico Torrense).

Grupo de Baile – "Patchouly"

Meninos do Coro – "Há revolta no zoo"

E poucos destes e outros nomes gravariam LPs e, quando tal sucedia, ficavam-se por um único registo (casos de CTT, Iodo, NZZN, Opinião Pública, ou bandas ainda menos mediáticas, como FM, Rocktrote, Tilt, etc.). E há casos de maquetas que não avançaram para disco, discos saídos de fábrica mas não colocados à venda (pelo menos é assim que reza a História dos Tempo e Modo) e um caso de um álbum que a editora recusa editar em vinil mas fá-lo em cassete (Sui Generis).

Uma palavra para duas bandas neo-românticas (na senda de uns Duran Duran ou Spandau Ballet) que são os Ópera Nova e os Popeline Beije que surgirão em disco apenas em 1983 mas, no entanto, não passam de registos efémeros em 45 rotações.

Mas um caso curioso é o da banda de Sérgio Castro, os Trabalhadores do Comércio, uma paródia nacional, assumida, ao fenómeno, que durante o "boom" ainda gravam dois singles e outros tantos LPs. Fazem música rock (e outras!) com sotaque tripeiro, e, ao contrário das bandas citadas nos parágrafos anteriores, construirão uma carreira consistente, com diversos singles e álbuns, com algumas interrupções pelo meio, mas gravando e actuando sempre que podem até hoje. 

Com o grande sucesso "Chamem a polícia" chegam a ter um diferendo com a editora "Gira" que, à revelia do grupo, edita o single – pirata como assumem no seu site – com outra capa.

Trabalhadores do Comércio – Chamem a polícia

Iodo – "Malta à porta"

© António Luís Cardoso, 2009 (revisto em 2023)
X